Carolina Dini
Tenho tentado trazer pro cotidiano, na tentativa de marcar a passagem do tempo, receitas que conversam com cada época do ano. Essa aqui, de ceviche de coco com lichia, tem feito presença nos meses de dezembro a fevereiro, quando o coco verde está mais carnudo e as lichias estão gordas e reluzentes nos pés.
Ingredientes para 3 pessoas:
polpa fresca de 4 cocos verdes cortados em lascas de 4cm
1kg de lichia descascada, sem semente, despolpada com cuidado
1 pimenta dedo de moça picadíssima, sem sementes
suco de 5 limões tahiti grandes (ou mais, se preferir mais ácido)
1 xícara de água de coco
1 cebola roxa grande fatiada finamente em tiras longas
sal a gosto
coentro a gostoComo fazer
Antes de começar, acho importante deixar umas folhas de coentro guardadas para incorporar à receita só na hora de servir, para ter o aspecto mais fresco possível.
Agora sim: numa bacia grande, adicione a cebola, metade do coentro e o sal. Amasse vigorosamente com as mãos até soltar bastante água. Agora acrescente o restante dos ingredientes, misture bem e leve à geladeira por algumas horas, para o tempero entremear gostosinho.
Na hora de servir, gosto de colocar numa cumbuca bonita e levar ao centro da mesa para compartilhar com pessoas queridas.
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Broa vegetal fofinha e sem farinha de trigo, como deve ser
Eu e o Stanley, cozinheiro no @mandaknega, recebemos um convite do Circuito Municipal de Cultura para gravar o último quadro do Festival Histórias de Alimentar a Alma 2021, promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte, para cozinhar alguma delícia mineira.
Minha amiga Nina Rocha me ensinou o modo de preparo dessa focaccia no começo da pandemia e perdi as contas de quantas vezes fiz, cada dia com ervas e temperos diferentes. Preciso dizer que a focaccia clássica não é desse jeitinho, mas como gosto de abrasileirar as receitas, bora lá:
Vejo inúmeras receitas com limão siciliano pelo mundo afora, mas quase nunca com o limão-capeta, também conhecido como “rosa”, “cavalo” e “cravo”, presente nas roças de boa parte do Brasil. O nome científico da fruta já denuncia seu cruzo divino entre o limão e a laranja: Citrus X limonia. Em homenagem a essa lindeza resplandecente que ganha de lavada do limão siciliano, vim ensinar a fermentar o limão-capeta.
É preciso pedir licença para falar sobre a beleza?
Qual a importância da beleza na hora de montar um prato caprichado num final de semana especial e onde ela está presente no dia a dia corrido? Há espaço para a beleza pela beleza nesse sistema capitalista, onde cumprimos o papel utilitarista de máquinas desejantes? Há futilidade na beleza?
Essas perguntas andam me rondando faz tempo, especialmente depois de ter começado a estudar a arte da temperagem do chocolate, coisa que considero parte do meu trabalho – quando falamos sobre a cozinha, uma técnica específica pode ser aplicada em outras receitas, não há limites.
Numa dessas imersões chocolatudas, quando compartilhei as imagens de uma barra cheia de pétalas de flores laranjas numa quarta-feira à tarde, resultado de vários testes que renderam uma considerável pilha de panelas e bancadas sujas, uma renca de pessoas me escreveu perguntando se o doce estava “à venda”, outras tantas pediram de forma grosseira a receita simplesmente ordenando: “receita?”, e uma mão cheia de gente insinuou sobre a “folga” de fazer chocolate “uma hora dessas”. O mesmo aconteceu quando resolvi fazer shoyu e missô para afastar a mesmice pandêmica e entender melhor esses processos fermentativos, que dependem de fungos específicos.
Essas reações inóspitas me confirmaram a importância de dedicar tempo à beleza e às amenidades da vida sem pedir licença. Pode ser, por exemplo, um exercício simples de observação de alguma planta comestível (ou não) ou de qualquer outra coisa que que não custe dinheiro algum. Fico feliz da vida olhando de perto o caule das minhas centenas de plantas, suas cores, o encontro das folhas, eventuais frutos, cheiro, superfície, gosto… Parece que isso renova alguma coisa dentro de mim.
Conversando com uma moça que acompanha meu trabalho sobre o que pode ser belo em meio à feiura, ela me indicou o documentário “Why Beauty Matters?” (por que a beleza importa?), que joga uma luz nesses devaneios. Logo depois o Daniel, meu companheiro, me enviou essa palestra da Professora Lúcia Helena Galvão, onde ela fala justamente sobre o documentário, uma coincidência danada! Espero que gostem – e assistam com olhos críticos!
Aproveito para compartilhar o post “como usar e onde comprar missô”, que fiz com a ajuda do pessoal lá no Instagram!
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Carolina Dini
Qual o gosto do missô?
Fico sempre curiosa quando vejo uma comida diferente. Lembro quando comi missô pela primeira vez e me veio aquele gosto levemente doce e ao mesmo tempo bastante intenso, meio amargo talvez, que faz salivar e preenche a boca. Aí entendi, mais do que nunca, como é de fato o “sabor umami”. Desde então, sempre que posso dou um jeito de comprar um potinho de pequenos produtores para experimentar diferentes missôs.
Encontrar pequenas felicidades em meio ao caos que estamos vivendo tem sido um desafio enorme, por isso tenho planejado brechas na minha agenda sempre que possível e valorizado cada vez mais os rituais de passagem do tempo.
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