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    O uso de óleos essenciais na cozinha – FAQ

    Uso de óleos essenciais na cozinha

    Provavelmente você já ouviu falar do uso de óleo essencial (OE) no tratamento de doenças através da aromaterapia, que atualmente está inclusa na lista de terapias do SUS.

    Mas já ouviu dizer do uso dos OE na cozinha como flavorizante?

    Evito falar desse assunto indiscriminadamente, pois é normal que muitas dúvidas surjam, já que o uso dos OE é pouco difundido, por isso é difícil encontrar um material de qualidade sobre o tema. Quando publiquei meu livro de receitas com óleos essenciais brasileiros, o Cozinha Extrassensorial, recebi uma chuva de mensagens de pessoas que queriam saber mais do uso culinário dos OE, então resolvi condensar informações importantes nesse post, que no fim das contas virou uma espécie de FAQ.

    Para fazer esse post, contei com a ajuda da aromaterapeuta e amiga Letícia Marinho, que publica sobre o assunto no @essencial.co.

    Essa panqueca de grão de bico com óleo essencial de vetiver é uma das receitas do meu livro, o Cozinha Extrassensorial

    Fotos do post por @diniloris

    O que é Óleo Essencial (OE)

    OE, pra quem não sabe, é um extrato vegetal natural, concentrado e aromático extraído de plantas, frutos, cascas e sementes por um processo de destilação, compressão ou extração com o uso de solventes. Eles são super complexos e carregam numa única gotinha a força da natureza, atuando inclusive no nosso campo emocional. Por isso, devem ser usados com absoluta cautela. 

    Qual marca é confiável?

    Como prezo por marcas locais, uso os OE que a Laszlo produz há muitos anos, de forma que conheço a empresa antes de publicar meu livro em parceria com eles. É válido dizer que esse post não foi pago pela marca e não foi feito em parceria com nenhuma empresa, estou indicando pois é uma das poucas que conheço que têm óleos realmente puros. Então, independente da marca que você escolher, certifique-se que o OE é puro consultando a embalagem.

    Aliás, por uma questão ambiental e política, já que muita matéria natural é utilizada para a produção, dê preferência aos OE agroecológicos e brasileiros, pois nosso país conta com ingredientes incríveis! 

    Por que usar OE ao invés da planta em seu estado natural?

    Adoro cheirar a comida antes de levar à boca e ficar tentando imaginar o que tem ali, e os OE tornam esse processo ainda mais mágico para mim. É uma mão na roda poder incorporar um ingrediente através dos OE quando não quero interferir na textura ou cor da receita, mas só faço isso com raríssima frequência.

    A homogeneidade que o OE traz muitas vezes me faz preferir seu uso do que a planta em seu estado natural (pense no capim cidreira ou canela, por exemplo).

    Na cozinha, os OE modificam a receita e conferem sabor único, até porque o cheiro dos alimentos desperta maravilhas no nosso cérebro, estimulando o apetite e a experiência culinária. Aliás, você saberia dizer onde começa o olfato e onde termina o cheiro? Realmente não sei, por isso mesmo o uso dos OE me fascina tanto!

    Óleo essencial evapora?

    Os OE são voláteis, então o ideal é misturar uma gota do OE escolhido com uma colher (sopa) de óleo vegetal (óleo de coco ou azeite, por exemplo), e finalizar os pratos com essa misturinha. Porém, alguns óleos têm o cheiro e sabor tão intensos que, pela minha experiência, ainda que sejam usados já incorporados em preparos que vão ao forno ou fogo, a presença deles permanece.

    Qual quantidade usar?

    Uma única gota, independente da quantidade de comida que você vai fazer, já é suficiente para dar um toque especial. Essa é uma quantidade segura quanto aos OE que vou citar ao final do post, pois NEM TODOS SÃO COMESTÍVEIS.

    Em maior quantidade, não se pode assegurar seu efeito emocional ou a reação que o nosso corpo apresentará, além de que estragaria completamente o sabor de uma receita, portanto tenha cautela.

    O melhor jeito de se adaptar ao uso dos OE na cozinha é respeitá-los ao máximo e ter ciência de sua poderosa ação. Importante: varie sempre entre um óleo e outro e faça uso eventual (nunca contínuo), para não afetar sua saúde.

    Qual a diferença entre ingestão e flavorização?

    Existem muitas empresas de marketing multinível que estão fazendo uma massiva propaganda indicando a ingestão recorrente de OE. Essa ingestão se diferencia da flavorização pela quantidade utilizada e pela recorrência. Com OE não se brinca, portanto nada de fazer disso um uso diário.

    Todo óleo essencial é comestível?

    Nem todo OE pode ser consumido, portanto é muito importante que você consulte o fabricante antes de sair inventando moda por aí, ok?

    Como posso usar nos chás e infusões?

    Nesse post você encontra receitas de chás e infusões desenvolvidas por mim, tem até um e-book gratuito para baixar!

    Óleos essenciais para usar na cozinha

    Manteiga de azeite aromatizada com OE

    Elegi alguns óleos que são os meus queridinhos na hora de colocar a barriga no fogão. Todos eles, como eu disse, são da marca Laszlo, que ratificou a possibilidade do uso culinário.

    Repito: esse post não é patrocinado e eu não recomendo o uso de OE´s na cozinha sem consultar o fabricante, ok? 

    Bora lá: 

    Lavanda (Lavandula angustifolia)

    Se eu pudesse ter apenas um OE, certamente seria o de lavanda. Ele acalma as emoções, induz o sono, tem um cheiro/gosto floral, pode ser aplicado na pele carreado no óleo de coco para diminuir manchas (nesse caso, consulte uma aromaterapeuta), além do que pode ser usado em receitas de todos os tipos. Gosto de colocar uma gota nas sobremesas ou infusões. Segundo Fábian László, aromaterapeuta, “lavanda deriva da palavra “lavare”, que em latim significa lavar, limpar, em menção aos romanos que utilizavam a planta para lavar roupas, tomar banho e aromatizar ambientes”.

    Laranja doce (Citrus sinensis)

    Os óleos de laranja são mais acessíveis, um vidrinho de 10ml costuma custar cerca de R$25, a depender da laranja que você escolher. Adoro o OE de laranja doce pelo toque cítrico e ao mesmo tempo suave. Recomendo o uso nos sucos, caldas, sobremesas e molhos para saladas. Quer receita de um molho incrível? Misture uma colher (sopa) de azeite extravirgem, 1 gota de OE de laranja doce, uma colher (sopa) de mostarda amarela, uma colher (chá) de sal e uma colher (sopa) de melado de cana e desfrute!

    Pêssego folhas (Prunnus persica)

    Esse OE é apaixonante pois cria um mistério maravilhoso, já que quase ninguém saberá dizer qual é o OE que você incorporou na receita. Com tomates assados ou confitados fica uma beleza! Para mim, é o OE mais elegante e sutil de todos, talvez por ser extraído a vapor das folhas.

    Pariparoba (Piper umbellatum)

    No Brasil, suas folhas, caule, sementes e raízes são usadas por sua ação analgésica, antitérmica e anti-inflamatória. O cheiro, por si só, me traz uma sensação de alívio. Acho que esse OE acrescenta frescor e um sabor inigualável ao prato! Brasilidade de primeira!

    Bétula branca (Betula alba)

    Eis um grande segredo: uma gota de OE de bétula branca dá um toque defumado a qualquer receita! Ele me lembra fumaça líquida, porém creio que é muito mais sutil e saudável. Já usei em receitas variadas, como sobremesa feitas com chocolate, caldo de feijão e pesto.

    Mandarina amarela (Citrus nobilis)

    O OE de mandarina amarela me reconforta e traz alegria. Depois de muito tempo usando de forma intuitiva (o que não recomendo, pois já tomei muito puxão de orelha da minha aromaterapeuta por causa disso), fui descobrir que sua função no campo emocional é justamente afastar a tristeza. Bonito, né? O toque doce e cítrico faz crer que estou descascando um por um dos gomos da mandarina.

    Gosto de fazer o que a Sônia Hirsch chama de “vodu de frutas”: com a ajuda de um abridor de coco, perfuro o centro de uma maçã e descarto o miolo e as sementes. Finco vários cravos em volta da maçã, levo ao forno baixo com um fio de melado de cana por cima para assar lentamente até dourar. Na hora de servir, adiciono uma misturinha fácil, que rende para pelo menos duas maçãs: uma colher de sopa de óleo de coco mais uma gota de OE de mandarina amarela. Um espetáculo!

    Pindaíba (Xylopus brasiliensis)

    O cheiro desse OE me remete à infância por algum motivo que ainda não descobri. Para mim, tem um toque amadeirado suave, portanto uso para equilibrar pratos adocicados. Um luxo!

    Capim cidreira, também conhecido como capim-limão (Cymbopogon citratus)

    O capim cidreira é um belo exemplo do porquê nem sempre é interessante usar um ingrediente em seu estado natural, como falei lá em cima. É que as folhas, nesse caso, são difíceis de incorporar em receitas que não vão ao fogo, portanto uma gota do OE de capim cidreira faz milagres. Não é à toa que está entre os óleos essenciais mais populares usados atualmente por sua eficácia, benefícios à saúde e uma ampla variedade de aplicações. Bastante cuidado ao manusear para não cair na pele, esse OE pode irritar mucosas.

    Sálvia espanhola (Salvia lavandulifolia)

    Sálvia é uma das minhas plantas preferidas, tanto na versão folha fresca quanto OE

    O nome científico já aponta uma conexão com a lavanda, e por isso o cheiro é bastante herbal. Segundo Letícia Marinho, aromaterapeuta, a sálvia possui efeito estrogênico, atuando lindamente para equilibrar o ciclo menstrual, pois atua no sistema nervoso. Mas vamos ao uso culinário: adiciono uma gota numa infusão de alfazema ou camomila, por exemplo, na época que apresento sintomas da TPM. Indico também o uso de uma gota dissolvida numa colher de sopa de azeite para perfumar pastas e saladas. Na verdade, fica bom até com sobremesa!

    Alecrim pimenta (Lippia sidoides)

    O Alecrim é conhecido como a erva da felicidade, acho um charme colocar uma gotinha numa infusão para tomar na parte da manhã. Não indico o uso à noite pois ele é estimulante e pode atrapalhar o sono. O Alecrim do Cerrado (Baccharis dracunculifolia), por sua vez, também conhecido como Alecrim do Campo, tem o preço um tanto quanto salgado, mas como tem um cheiro menos intenso que o alecrim pimenta, prefiro utilizá-lo. Curiosidade que achei no site da Laszlo: o alecrim do cerrado é a fonte vegetal mais importante da própolis verde brasileira, reconhecida pelas suas atividades antissépticas.

    Gengibre (Zingiber officinalis)

    O gengibre está entre as mais antigas especiarias. Seus rizomas altamente aromáticos são empregados na culinária e na medicina tradicional há séculos. Escolhi esse OE específico (existem vários tipos) pois acho que é mais suave e menos picante. Vale lembrar que o gengibre possui poderes digestivos, e além disso ele eleva o ânimo. Assim como o OE de alecrim pimenta, pode causar excitação e taquicardia, então prefira consumir pela manhã.

    Manjericão (Ocimum basilicum)

    Não uso esse OE somente nas receitas em que usaria as folhas do manjericão. Vale colocar na massa de pizza, risoto e sucos, por exemplo. Outro dia bati duas mangas grandes com uma gota de OE de manjericão, uma bandejinha de gelo e duas tâmaras demolhadas para adoçar, virou um frozen fantástico. Aliás, por falar em manga, cai muito bem com esse lassi aqui, que faço com leite vegetal. 

    Canela (Cinamomum cassia)

    Clássica por estar presente nas receitas de inverno, a canela é um estimulante natural. A essa altura do post você já entendeu que é bom deixar para consumir estimulantes pela manhã, né? =)

    Segundo a Laszlo, “a canela era a especiaria mais procurada na Europa antiga, pois comercializá-la era sinônimo de riqueza. Por exemplo: um quilograma de canela no século XVI, vendida pelos portugueses, chegou a custar dez gramas de ouro. Fato é que o tempo passou e a canela, encontrada com certa facilidade no comércio de especiarias atualmente, vem sendo utilizada para os mais diversos fins, como em temperos, medicamentos, bebidas, sabonetes e perfumes”.

    Ideal para infusões na época da TPM, sobremesas e pratos quentes. Ah, a canela é  antioxidante e atua contra a diabetes também, mas cuidado para não aplicar direto na pele, ela pode irritar mucosas.

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    Bibliografia consultada para elaboração desse post

    SEGNIT, Niki. Dicionário de sabores. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
    EIDSON, Deborah. Cura vibracional. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2017.
    WALIGORA, Sheila. Sobremesas vivas essenciais. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.
    KINUPP, Valdely; LORENZI, Harri. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil. Nova
    ODESSA, SP: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2017.

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