Sou uma pessoa saudável segundo minhas próprias convicções e também de acordo com os exames de sangue que faço de 6 em 6 meses a pedido de profissionais da saúde. Levando em conta esses fatores e também minha condição privilegiada de mulher branca e jovem que estuda bastante as plantas, uso, sempre que posso, infusões no lugar das droguinhas farmacêuticas.
Exemplos? Ao invés de tomar Buscopam para eventuais cólicas menstruais, muitas vezes a infusão de novalgina resolve (1 cl. sopa para 1 copo d´água); no lugar do Xantinon, Pantoprazol ou Pepsamar, 4 folhas de boldo espremidas com as mãos mesmo num copo com água morna melhoram rapidinho a vida do meu fígado; Omeprazol para que, se eu tenho infusão de erva doce, que é digestiva para caramba e ainda acalma sentimentos? Remédio forte para gripe nunca mais comprei, quando o corpo pede, peço ajuda para os senhores alho, gengibre, açafrão da terra, inhame e cebola, todos eles levantam meu ânimo.
Já ouvi muitas críticas ao termo “cura pela cozinha” ou “comida que cura”. De fato, essa combinação de palavras perdeu bastante sentido por conta da sua cooptação pela indústria de alimentos, que a todo momento fica querendo enfiar pelas nossas goelas produtos milagrosos, muitas vezes importados, que custam um rim. Por outro lado, quanto mais estudo a propriedade das plantas, mais me convenço que a gente precisa repensar o consumo indiscriminado de alopáticos o tanto quanto for possível e voltar a fazer uso da natureza como antigamente.
Estive numa roda de conversa liderada por Maria, uma curandeira de 87 anos, que falou uma frase boa para refletir:“antes não tinha esse negócio de ir no dotô, quando menino ia parar no hospital ou no médico, já podia despedir ali mesmo, que não tinha mais volta”.
Romantizações, exceções médicas e nostalgias à parte – até por que a média de vida do brasileiro aumentou, é muito séria essa necessidade da gente parar de achar que farmácia é shopping center. Já trabalhei com um colega que tomava remédio “só por garantia” todos os dias pela manhã, já que, segundo ele, costumava ter dores de cabeça com frequência e não valia a pena cuidar direito da saúde. Tentei muitas vezes convencer o rapaz a tomar infusões, tive êxito numa ou outra oportunidade, mas ele nunca quis se consultar com especialistas, achava mais vantajoso comprar remédio no esquema “pague 4, leve 5” e engolir as pílulas “milagrosas” com a ajuda de uma xícara de café.
Muitas vezes os remédios alopáticos são necessários mesmo, eu sei! Não estou tentando convencer todo mundo boicotar os alopáticos ou parar de se tratar sem consultar um médico, viu? Meu ponto é: será mesmo que a gente não perdeu a mão nesse consumo desenfreado?
Nilton Bonder, em A Cabala da Comida, fala que “é preciso ter consciência de que (…) ignorar um simples mal-estar ou dopar-se com remédios pode fazer no máximo com que a luz amarela se apague, o que não quer dizer que desapareçam suas representações emocional e espiritual em outros níveis, mas tão somente que será mais difícil identificá-las, pois cada plano apresenta um quadro de sintomas próprio”. Tentar absorver essa premissa de forma profunda é um dever que podemos traçar para nós mesmos, pois o sistema do corpo comunica!
Novalgina: planta ou remédio?
A indústria nos engole a ponto de pensarmos coletivamente que novalgina não é uma planta, e sim um remédio. Acontece que essa maravilhosa, conhecida também como “mil folhas” (Achillea millefolium), pode ser cultivada na sua casa em qualquer cantinho, e ouso dizer que a maior parte das pessoas nunca deve ter ouvido falar dessa possibilidade, tô certa?
O mesmo acontece com a Stevia rebaudiana: quantos de nós associa o nome “stevia” ao frasco transparente com gosto de remédio que teoricamente serve para substituir o açúcar? (detesto esse produto com todas as forças, hahahaha!).
A Novalgina é tão linda que muita gente usa para fins ornamentais
Livros para saber mais
Se você tiver interesse no assunto e quiser trazer mais plantas para sua vida, indico estes dois livros, que sempre estão às minhas mãos quando preciso fazer consultas:
Plantas Medicinais No Brasil, Nativas e Exóticas, por harri lorenzi. Editora: Plantarum
Plantas Alimentícias Não Convencionais No Basil, por Valdely Kinupp e Harri Lorenzi. Editora: Plantarum.
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