É preciso pedir licença para falar sobre a beleza?
Qual a importância da beleza na hora de montar um prato caprichado num final de semana especial e onde ela está presente no dia a dia corrido? Há espaço para a beleza pela beleza nesse sistema capitalista, onde cumprimos o papel utilitarista de máquinas desejantes? Há futilidade na beleza?
Essas perguntas andam me rondando faz tempo, especialmente depois de ter começado a estudar a arte da temperagem do chocolate, coisa que considero parte do meu trabalho – quando falamos sobre a cozinha, uma técnica específica pode ser aplicada em outras receitas, não há limites.
Numa dessas imersões chocolatudas, quando compartilhei as imagens de uma barra cheia de pétalas de flores laranjas numa quarta-feira à tarde, resultado de vários testes que renderam uma considerável pilha de panelas e bancadas sujas, uma renca de pessoas me escreveu perguntando se o doce estava “à venda”, outras tantas pediram de forma grosseira a receita simplesmente ordenando: “receita?”, e uma mão cheia de gente insinuou sobre a “folga” de fazer chocolate “uma hora dessas”. O mesmo aconteceu quando resolvi fazer shoyu e missô para afastar a mesmice pandêmica e entender melhor esses processos fermentativos, que dependem de fungos específicos.
Essas reações inóspitas me confirmaram a importância de dedicar tempo à beleza e às amenidades da vida sem pedir licença. Pode ser, por exemplo, um exercício simples de observação de alguma planta comestível (ou não) ou de qualquer outra coisa que que não custe dinheiro algum. Fico feliz da vida olhando de perto o caule das minhas centenas de plantas, suas cores, o encontro das folhas, eventuais frutos, cheiro, superfície, gosto… Parece que isso renova alguma coisa dentro de mim.
Conversando com uma moça que acompanha meu trabalho sobre o que pode ser belo em meio à feiura, ela me indicou o documentário “Why Beauty Matters?” (por que a beleza importa?), que joga uma luz nesses devaneios. Logo depois o Daniel, meu companheiro, me enviou essa palestra da Professora Lúcia Helena Galvão, onde ela fala justamente sobre o documentário, uma coincidência danada! Espero que gostem – e assistam com olhos críticos!
Aproveito para compartilhar o post “como usar e onde comprar missô”, que fiz com a ajuda do pessoal lá no Instagram!
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Carolina Dini
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