Memórias
Interior, Minas Gerais, quatro e meia da tarde, café recém coado, janela aberta, céu azul – mas não muito. Nuvem espassa. Esse é o aconchego que essa torta feita com fubá me lembra.
Há alguns meses perguntei nas redes sociais da vida qual é a comida que mais balança coraçõezinhos e a maior parte das pessoas respondeu angu! Por aqui digo o mesmo, cresci comendo o angu que minha mãe fazia. Quando sobrava, ela fritava e era uma alegria sem fim morder aqueles nacos duros bem temperados, dava até disputa pelos mais tostadinhos.
É claro que a maioria dos belorizontinos que me segue tem grande responsabilidade pelo resultado dessa pesquisa afetiva, mas como teve gente até do Pará perguntando como se faz, vim trazer uma receita simples de angu mole com cogumelos, que fiz com uma base de ervas aromáticas e fubá de milho crioulo. Perfumou a casa inteira!
1 xícara de fubá de boa qualidade
200g de cogumelos
Azeite extravirgem
1 cl. (café) de cúrcuma
1 cl. (sopa) de sal
Especiarias a gosto (pimenta do reino, açafrão da terra, cominho…)
1 litro de água filtrada
Ervas frescas, talos e cascas a gosto (use o que estiver à disposição, como casca de beterraba, cenoura, alho poró, salsão, aipo, erva doce, cebolinha, salsinha e por aí vai…)
Coloque as ervas, talos e cascas para ferver na água filtrada com as especiarias e o sal até soltar cheiro e reduzir pela metade.
Coe, descarte os sólidos e reserve a água temperada.
Aqueça uma frigideira antiaderente e adicione um fio de azeite.
Coloque os cogumelos, adicione o açafrão da terra (opcional) e o sal e deixe dourar de ambos os lados.
Reserve.
Use 1 copo do caldo vegetal para dissolver 1/2 do fubá (essa liga vai evitar a formação de grumos). Reserve.
Aqueça o caldo vegetal e despeje essa liga que você acabou de fazer.
Mexa sem parar e adicione aos poucos o restante do fubá.
Quando ele atingir o ponto desejado, depois de mais ou menos vinte minutos de cozimento, ajuste o sal se for necessário e sirva com os cogumelos por cima.
Na foto, finalizei com alho social da minha horta, uma folha muito especial parecida com nirá e também uma colherada de azeite.
Fotos da @nanirodrigues do @brejo.co 🌽
Basta baixar dois graus pra eu arrumar a desculpa perfeita para fazer cremes, sopinhas, cozidos, e por aí vai. Esse creme de cenoura com gengibre, que tem o poder de acalentar os corações mais gélidos, é a revisitação de uma receita do meu livro Cozinha Extrassensorial.
Cura ressaca, dor de amor e abraça a gente por dentro. Se aprochega, vai:
A combuca é uma coisa tão brasileira e querida que só o fato de ver uma comida fresca ali depositada já acalenta meu coração. Segundo o que li na Wikipédia, “combuca” vem do tupi “kui’mbuka” e significa ‘espécie de cuia’. Lindo, né? É realmente um gesto bonito levar a combuca à boca e sorver o alimento dali de dentro, com a sensação de que todo o conteúdo é meu e só meu, sem qualquer culpa pelo egoísmo da não partilha. Deve ser daí a expressão popular “meter a mão em combuca”, que nada mais significa do que adentrar em terreno onde não se é chamado hahaha.
Eu sempre como tudo que posso desse jeito: feijão, sopas e por aí vai. Hoje a receita tá um cadinho requintada (na foto se vê os hashis, aqueles palitinhos japoneses, mas eu como é com a mão mesmo, confesso.
Montei uma combuca com chucrute, uma conserva de repolho típica da culinária alemã, consumido em todo o mundo, cuja base é o repolho cortado em finas tiras que passa por um processo de fermentação. Como ele vai demorar pelo menso uma semana para ficar pronto, você pode compor sua combuca com outros ingredientes.Vale colocar nabos, cenouras, beterrabas e por aí vai. Nessa tem também sunomono, uma conserva feita com pepino, vinagre de arroz, açúcar e gergelim, cogumelos caramelados, cubos de manga, gergelim negro e branco. Todos os ingredientes interagem bem, causando contrastes que combinam.
Esse bobó, que é uma releitura da receita da minha querida amiga Bruna Marta, faz sucesso por onde passa! O creme é feito com mandioca cozida batida com leite de coco fresco, o que deixa o prato bastante cremoso. Se preferir usar o leite de coco industrializado, tudo bem. Já o azeite de dendê confere a cor e a tradição do povo baiano.
A relação entre China e Japão é historicamente conturbada. Os dois territórios são separados por uma faixa relativamente estreita de oceano, o que permitiu que pessoas pudessem transitar pra lá e pra cá (nem sempre amigavelmente), levando consigo caracteres culturais.
A troca de influências inclui arquitetura, sistema de escrita, religião, filosofia, gastronomia.
Para nós, hoje, importa um prato que também está no meio de uma disputa a respeito da sua origem. Há uma versão chinesa e uma japonesa para o Yakisoba, cada uma com suas respectivas qualidades.
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