Existe comida brega?
Estive num jantar com amigos e escutei um chef que também estava lá dizer, com ar de desdém, que “patê, pavê e risoto são comidas bregas”, e que “se um restaurante serve alguma delas, no mínimo está desatualizado”.
Não era uma piada, era uma crítica severa que ele estava fazendo aos restaurantes com “comidas de outras décadas”. Isso me causou um incômodo enorme. Até entendo que os comércios precisam renovar os cardápios para chamar a atenção do público, – inclusive isso é necessário porque a natureza não nos oferece as mesmas coisas o ano inteiro – mas será mesmo que existe comida brega ou essa é mais uma invenção do capitalismo para ditar regras do que a gente deve ou não deve consumir? Para criar desejos atrás de desejos?
Risoto é uma delícia, sempre foi e sempre será, pelo menos para mim. O que muda são os ingredientes que acontecem de acordo com a vontade e criatividade do cozinheiro. Quando aprendi a cozinhar, risoto era o prato que mais fazia em reuniões entre amigos. Lembro, como se fosse ontem, do risoto que deslizava da concha para o prato e repousava delicadamente. Dava meu melhor ali! Com o tempo, aprendi a cozinhar outras coisas muito mais elaboradas, mas nunca parei de ver beleza na simplicidade desse prato. A gente vai ressignificando a receita, não precisa descartá-la, jogá-la para escanteio.
E se aquele risoto for exatamente o conforto que alguém procura? Isso faz dela uma pessoa brega? Risoterias, então, deveriam ser extintas, decretadas falidas por serem antiquadas demais? O mais engraçado é que esse chef que crucificou o risoto é o mesmo que não olha para frente para se dar conta da necessidade de acrescentar ao seu restaurante opções vegetarianas e veganas.
Cozinhe ouvindo uma playlist deliciosa
Aliás, o risoto combina bem com esta seleção musical aqui.
Esse é um ótimo prato para fazer com os amigos, por isso vou deixar uma receita com rendimento para 5 pessoas.
Foto da @laradias
Ingredientes para 5 pessoas
2 xícaras de arroz arbóreo (ou carnaroli)
4 xícaras de creme de abóbora (veja os ingredientes e instruções no próximo tópico)
2 cebolas roxas bem picadinhas
200g de cogumelos de sua preferência
3 dentes de alho picadíssimos
4 cl. (sopa) de azeite de oliva
Páprica a gosto, sal e pimenta a gosto (tem que experimentar e ir ajustando o tempero aos poucos, tá!)
2l de caldo vegetal (nada mais é do que 2 litros de água fervidos com ervas e especiarias da sua preferência. Se for o caso, use somente água mesmo)
Instruções para fazer o creme de abóbora
1/2 abóbora pequena
1 inhame grande
2 cl. (de chá) de páprica doce ou picante
Sal e pimenta a gosto
Coloque todos os ingredientes numa panela com água o suficiente para cobrir e leve ao fogo alto, deixando cozinhar até ficar macia.
Escorra a água.
Num liquidificador, bata todos os ingredientes e reserve.
Fazendo o risoto
Coloque 4 xícaras de água para ferver. Noutra panela, refogue a cebola e o alho no azeite.
Quando estiver douradinho, adicione o arroz e mexa com carinho para que absorva o sabor do refogado.
Junte a água fervente, tempere com o sal e pimenta a gosto e deixe cozinhar por cerca de 30 minutos e vá mexendo sem parar.
Coloque aos poucos o creme de abóbora e mexa devagar para que haja boa absorção. A depender do arroz, talvez você não precise do creme de abóbora todo. Nesse caso, guarde para comer em outro momento.
Incorpore os cogumelos e mexa delicadamente por mais 3 minutos.
Desligue o fogo, e, se quiser, finalize com alguma erva fresca de sua preferência e pronto!
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